[RESENHA] King of Thorns

Autor: Mark Lawrence
Editora: DarkSide Books
Páginas: 528
Ano: 2014
Classificação: 5/5
Sinopse: Este é o meu livro favorito desta excelente trilogia, pois tudo joga contra o nosso anti-herói Jorg. As apostas são altas e as reviravoltas, perfeitas. Depois de assassinar seu tio e garantir um pequeno reino nas montanhas, o jovem Jorg agora encara um inimigo carismático e poderoso – o Princípe de Arrow –, que parece destinado a reunir o Império Destruído. A ação salta entre o presente e o passado, e nos mostra como Jorg viajou pelo império e conseguiu reunir recursos e forças para enfrentar uma batalha aparentemente impossível de ser vencida. Acompanhamos também a história pelo ponto de vista de Katherine, a mulher que Jorg deseja mais do que ninguém, e que ele está destinado a não conquistar jamais.
Apesar de Jorg continuar a ser o mais maquiavélico dos protagonistas, sem hesitação para matar, mutilar ou destruir, caso isso o ajude a alcançar seus objetivos, passamos a compreendê-lo melhor neste livro, e é impossível não torcer por ele. Ele consegue renovar e dar uma reviravolta brutal, explodindo com todas as armadilhas românticas da grande fantasia – lealdade, honra, o bem contra mal e a fé em um causa maior. Às vezes, quando você vê aquele cavaleiro branco em seu cavalo, com uma armadura reluzente e um sorriso brilhante, só quer atirá-lo no chão e dar-lhe um murro na cara dele por ser tão perfeito. Se você já teve essa sensação algum vez, Jorg é o cara." Rick Riordan


Agora sim, depois de escrever a resenha de Prince of Thorns, posso então, enfim, vir falar para vocês sobre King of Thorns e expor alguns pontos que deixei de citar no post do livro anterior. Vamos lá.

O básico todos já devem saber, mas vou relembrar. Este livro faz parte da Trilogia dos Espinhos, sendo o segundo da série, escrita pelo autor Mark Lawrence e publicada por aqui pela DarkSide Books em mais uma edição maravilhosamente caprichada.

Em King of Thorns continuamos a acompanhar Jorg Ancrath em seu objetivo de tornar-se o Imperador. Agora com a vingança contra seu tio executada, ele volta sua atenção para o combater os inimigos feitos no livro anterior e à ameaça de um exército que está batendo em sua porta, nas Terras Altas de Renar.

Novamente temos duas linhas temporais: saltamos entre o presente e o passado ao longo de toda a narrativa. Além do mais, acompanhamos, além do ponto de vista de Jorg, as páginas do diário de Katherine, mulher por quem o protagonista nutre uma paixão praticamente obsessiva. Falarei primeiro do passado.

Encontrei estas páginas espalhadas, amarrotadas contra as rochas por um vento oscilante. Algumas estavam chamuscadas demais para revelar suas palavras, outras se desfizeram em minhas mãos. Eu as persegui, contudo, como se fosse a minha história que elas contavam e não a dela.   p. 11

Voltamos aos dias que se seguiram após a vitória de Jorg em Renar. Passaram-se alguns meses e ele vive com uma ameaça de morte que pode vir a qualquer momento de um dos seus mais preciosos amigos: Gog. O garoto leucrota, em algumas noites tem sonhos ruins, fazendo com que ele desperte seus poderes inconscientemente e incendeie tudo ao redor de onde está. E ele quase sempre dorme no mesmo aposento de Jorg. O protagonista percebe que precisa fazer com que Gog controle esses poderes, então decide sair em jornada rumo ao norte, até uma cadeia de montanhas vulcânicas, o Heimrift. Lá ele planeja encontrar o mago do fogo, Ferrakind.

No passado, temos a presença assídua de personagens importantes do primeiro livro e que escaparam ao banho de sangue promovido por Jorg, como Sargeous e a necromante Chella.

É nesse tempo que acompanhamos também a tarefa árdua de Jorg em conseguir recursos para lidar com o inimigo que ele sabe que irá combatê-lo em breve. Nos são mostradas as atitudes, planos e maquinações que vão convergir e interferir diretamente nos rumos que a história toma.


O presente se passa quatro anos após Jorg conquistar Renar. Aqui temos somente um único dia na história: o dia do casamento de Jorg e o cerco das tropas de vinte mil soldados - contra algumas poucas centenas das tropas de Renar - comandados pelo Príncipe Orrin de Arrow, que vem conquistando reinos após reinos por meio de sua grandiosa simpatia, tornando-se o grande favorito a assumir o trono do Império. É aqui que temos também algumas revelações ocultadas quatro anos atrás, quando um certo acontecimento por pouco não instalou a loucura na mente de Jorg.

Abra a caixa, Jorg.
Eu a observei. Uma caixa de cobre, com um espinhos entalhado, sem trinco ou trava.
Abra a caixa, Jorg. [...]   p. 15

Nas páginas do diário de Katherine, acompanhamos seus dias em Ancrath e como ela lida com aquele lugar que a deixa entediada. Um pouco mais a frente, temos também algumas páginas relatando seu reencontro com Jorg enquanto ele ruma ao norte. Além de seus dias atuais, como esposa de Orrin e sua busca por entender melhor os mistérios dos sonhos, como entrar nos das pessoas e como manipulá-los.

Vamos falar de algo que fiquei devendo na resenha anterior: os personagens da série.

Jorg, como protagonista, recebe todas as atenções. No primeiro livro, achei meio forçado o fato dele matar sem escrúpulos, seja pessoas inocentes ou aquelas que ele julga merecer morrer, além do fato dele ter moral suficiente para liderar um bando de bandidos com apenas 13 anos, sem sequer ser questionado. Já em KoT, tanto no passado quanto no presente, percebemos uma evolução maior do personagem que possa condizer com todas as suas atitudes. Mark Lawrence conseguiu balancear muito bem esses pontos. Ainda assim, tiveram certos momentos que me lembrei do Jorg de PoT, mas nada que incomodasse... Ainda bem.

Já os demais personagens continuam um tanto quando esquecidos pelo autor. O próprio já admitiu que não é o objetivo dele escrever mais sobre outro personagem, quando na verdade ele quer contar a história de Jorg. O jeito é ficar satisfeito com isso e aceitar. Continuando... Em PoT, um dos personagens que tiveram o melhor desenvolvimento, mesmo que muito superficial, foi o Nubano, que acabou sendo morto em certo ponto do livro. Em KoT, isso melhora um pouco e alguns personagens são um pouco mais explorados, principalmente Makin, o único personagem que lembro de contar ao menos uma frase sobre seu passado.



Um ponto forte em relação aos personagens foi usar o ponto de vista de Katherine. Acompanhar alguns dias da vida dela é muito interessante e cria um contraponto legal em relação à Jorg. Temos um desenvolvimento rápido da personagem e do aumento de sua importância dentro da história, ainda mais por se tratar de uma mulher. Além disso, falando em mulher, temos a esposa de Jorg, Miana. Ela pode ter somente doze anos, mas suas atitudes são muito maduras e, inclusive, certas ações da mesma influenciaram diretamente no resultado final do livro. Acredito que ela terá uma certa importância no volume final da trilogia, apesar de achar que isso é esperar demais.


Não posso deixar de citar alguns pontos positivos do mundo "criado" por Mark Lawrence.

O fato dele usar elementos históricos abertamente é digno de nota. Para quem já leu e ainda não percebeu, o que é muito difícil, a história se passa na Europa. Isso fica ainda mais evidente quando damos atenção a todas as referência que Mark faz. Roma, Igreja Católica, surgimento de tecnologias que podem influenciar no resultado de uma guerra. Tudo isso inserido de maneira louvável em uma história de fantasia.

Infelizmente o livro não passou batido sem pontos fracos. Por mais que tudo nele seja muito melhor do que foi em Prince of Thorns, certas coisas insistem em se manter:

Os feitos de Jorg podem ser impressionantes e podem arrancar um sentimento de espanto. Mas a taxa de sucesso de Jorg continua alta, enquanto a taxa de perdas é baixa. Muitos podem não concordar, mas, por mais que o personagem principal seja incrível, em certos momentos ele é praticamente endeusado pelo autor. Não há limites para sua sorte, sua maneira de superar as expectativas quase nulas, mesmo quando o mundo todo pareça estar contra ele. Não que eu queira que ele morra, ou que perca uma perna (até porque, se isso acontecesse, seria bem capaz de ele ter uma sorte ainda maior), mas que ele sinta nele mesmo um sentimento de perca, de medo, de receio em perder, algo que o faça hesitar nas tomadas de decisões e o leve ao erro, nem que para isso ele precise fazer algo duas vezes melhor do que faria. Essa é a vontade de ver um protagonista chegar ao fundo do poço e aí sim, contra todas as expectativas se reerguer. Infelizmente, até agora, Jorg está erguido ao alto sem dar sinais de queda há mais de 700 páginas.

Uma era de terror está por vir. Um tempo sombrio. As covas continuam a se abrir e o Rei Morto se prepara para velejar. Mas  o mundo tem coisas piores do que homens mortos. Um tempo sombrio virá.
O meu tempo.
Se isso o onfede.
Tente me impedir.   p. 523

Sem dúvidas o segundo volume da trilogia é bem melhor que seu antecessor. A evolução de Mark Lawrence é tão visível que é quase incomparável com o que nos foi apresentado anteriormente.

Como puderam ver, o autor pecou em poucos aspectos. O desenvolvimento do personagem principal foi notável, a presença do ponto de vista de uma personagem feminina deu um quê a mais na história. A forma com que ele usa a fantasia dentro de um mudo em processo de modernização, mesclado com elementos mais sombrios e históricos é melhor do que a apresentada em Prince of Thorns. Mark Lawrence está de parabéns.

Enfim, o fim. Acredito que passei as minhas ideias satisfatoriamente. Desculpas pela extensão, mas precisava atualizá-los mais sobre a história. A leitura está super recomendada e espero que vocês aproveitem. Agora temos que esperar o lançamento de Emperor of Thorns, ainda esse semestre, nas mãos da maravilhosa DarkSide Books. Enquanto isso, aproveitem o que já temos.

Até a próxima!

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