[RESENHA] Todo Dia

Autor: David Levithan
Editora: Galera Record
Páginas: 280
Ano: 2013
Classificação: 5/5
Sinopse: Neste novo romance, David Levithan leva a criatividade a outro patamar. Seu protagonista, A, acorda todo dia em um corpo diferente. Não importa o lugar, o gênero ou a personalidade, A precisa se adaptar ao novo corpo, mesmo que só por um dia. Depois de 16 anos vivendo assim, A já aprendeu a seguir as próprias regras: nunca interferir, nem se envolver. Até que uma manhã acorda no corpo de Justin e conhece sua namorada, Rhiannon. A partir desse momento, todas as suas prioridades mudam, e, conforme se envolvem mais, lutando para se reencontrar a cada 24 horas, A e Rhiannon precisam questionar tudo em nome do amor.

Agora venho até vocês para compartilhar a minha melhor leitura do ano passado: Todo Dia, de David Levithan, publicado pela editora Record.



Todo Dia é um grande exemplo de Young Adult de qualidade, entrando para a seleta lista de best-sellers que marcam a vida de diversos leitores, como o tão famoso “A Culpa é das Estrelas”. Daí eu venho aqui e dou uma polemizada dizendo: Todo Dia é muito melhor que o título de John Green, para mim é claro. Minha opinião sobre “A Culpa é das Estrelas” é basicamente a mesma que nosso amigo Alex nos apresentou aqui, com exceção do fato de eu não ter assistido o filme, mas pretendo. Enfim, não vim aqui fazer comparações entre dois livros e nem arranjar confusão. Então vamos lá falar do que interessa.

O livro de David Levithan chama bastante atenção por sua premissa. Acredito que raras sejam as pessoas que não se interessaram de cara pelo que Todo Dia nos mostra em sua sinopse. 

Acordo.
Imediatamente preciso descobrir quem sou. Não se trata apenas do corpo - de abrir os olhos e ver se a pele do braço é clara ou escura, se meu cabelo é comprido ou curto, se sou gordo ou magro, garoto ou garota, se tenho ou não cicatrizes. O corpo é a coisa mais fácil a qual se ajustar quando se está acostumado a acordar em um corpo novo todas as manhãs. É a vida, o contexto do corpo, que pode ser difícil de entender.
Todo Dia sou uma pessoa diferente. Eu sou eu, sei que sou eu, mas também sou outra pessoa.
Sempre foi assim.   p. 7

Todo Dia narra a vida de A, personagem principal desta trama, que não é homem ou mulher e que, todos os dias de sua vida, acorda dentro do corpo de uma pessoa diferente. Para A, isso já é comum e age como se fosse a própria pessoa. A acessa as memórias, trejeitos e estilo de vida da pessoa e assume o controle, sem interferir em nada do que a pessoa normalmente faz, pelo menos, até um certo dia em que tudo muda.

A acorda no corpo de Justin, um garoto problemático. Já acorda com uma grande ressaca e percebe que aquele será um dia longo. Como sempre, age normalmente como Justin e vai para a escola. Ao chegar lá, encontra Rhiannon, uma garota tímida, namorada do garoto, que o ama mais do que tudo, por quem A se apaixona instantaneamente. O grande problema de tudo isto é justamente o fato de A acordar todos os dias no corpo de outra pessoa. Porém, ele vê em Rhiannon algo a mais que o fez decidir quebrar todas as regras que impôs durante os 16 anos de sua vida. A tinha que lutar por Rhiannon, além de provar para ela que o que ele tem a dizer é a mais pura verdade. 



Será que tem quem ache que esse livro é somente mais uma simples história de amor? Todo Dia é muito mais do que isso, é uma história de questionamentos de sentimentos, de até onde eles podem nos levar em nome de um amor que parece impossível, além de ser sempre, todos os dias que se passam o livro, uma história de aceitação. A tem que ser aceito por Rhiannon como ele é, todos os dias.

Para mim, um dos grandes destaques de Todo Dia é justamente as dezenas de personagens que acompanhamos por todo o livro. Não são somente A e Rhiannon os protagonistas. As pessoas que são “possuídas” por A todos os dias também são protagonistas nesta história. Elas servem como intermediárias entre o verdadeiro A e Rhiannon, além de todos eles terem suas particularidades e problemas. Todos eles são únicos dentro desta história e muitos deles marcam bastante quem lê. É difícil não se apegar a um e outro, mas temos que aceitar que não vamos passar mais do que um dia acompanhando um personagem tão bem construído. David Levithan está de parabéns, ele conseguiu fazer isso e unir tudo em uma história maravilhosa para quem a lê.

A, é claro, tem sua própria personalidade, o que muita vezes é limitado em sua vida. Seus gostos não batem com a maioria das pessoas que ele “possui”, mas ele procura se adaptar e aproveitar as oportunidades que surgem em seu caminho. Além disso, A tem uma visão do mundo que faz com que percebamos o quanto o esse mundo seria diferente se todas as pessoas pensassem assim como ele pensa. Dependendo do indivíduo que ler este livro, é capaz do personagem A quebrar vários paradigmas de pensamento. É um personagem que quebra a barreira de qualquer preconceito e passa por cima dos esteriótipos que a sociedade impõe, sempre colocando o respeito como ponto chave. Talvez isso se dê pelas diversas experiências que ele teve durante sua vida, tornando A um dos personagens mais bem construídos que já tive o prazer de ler.

Rhiannon é uma personagem especial. Tudo bem que estamos lendo tudo do ponto de vista de A, mas ela tem uma presença tão forte dentro da narrativa que faz com que ela seja uma das melhores personagens femininas de YA. Ainda que como personagem, sua personalidade não seja aquela que se impõe diante dos problemas, mas sim que encolhe. Ela é uma garota tímida, mas forte de sua maneira. Ao meu ver, Hazel Grace ganhou uma ótima parceira. Não que as duas sejam parecidas, mas cada uma tem sua própria força e são muito importantes para os seus livros.



Se me pedissem para citar um defeito de Todo Dia, eu até diria que não tem. O ponto que menos me satisfez na história não me deixou com tanta sensação de que poderia ter sido muito melhor, afinal, Todo Dia atingiu o que faz a maioria dos leitores se apaixonar pela história de um bom livro.

Se aqueles que forem ler Todo Dia estiverem esperando também uma resposta para esse “problema” de A, já podem ir perdendo essa expectativa. Até seria interessante termos respostas quanto a isso e o próprio livro pendeu para tal questão em alguns momentos, mas como eu disse no parágrafo anterior, não é necessariamente necessário. Às vezes é bom permanecer com certas perguntas não respondidas. Para muitos a falta de resposta é um grande problema, principalmente pelo fato do autor, como eu disse um pouco antes, pender pra esse lado das respostas, ainda mais quando você vê um personagem que diz que existem outros como A. Só que daí, o autor simplesmente abandona a ideia e faz com que A desista de ter respostas sobre isso. A questão que faz com que muitos questionem a história no final é essa, que se inicia no meio do livro e vai até o ponto chave da história, quando A tem que decidir entre descobrir mais sobre si mesmo ou abandonar essa ideia e voltar a viver como ele sempre viveu. Confesso que eu queria saber mais, mas ao longo do livro, fui vendo que dificilmente essas respostas iriam ser concretas. 

"Na minha experiência, desejo é desejo, amor é amor. Nunca me apaixonei por um gênero. Apaixonei-me por indivíduos. Sei que é difícil as pessoas fazerem isso, mas não entendo por que é tão complicado quando é tão óbvio."

E tenho que fazer um comentário sobre o final, sem spoilers é claro. Para todas as pessoas que me perguntam sobre Todo Dia, eu conto que foi o melhor livro que li no ano passado e além disso, caso queira, eu conto o quanto eu fiquei empolgado com o final do livro. É uma coisa especial, você vai lendo as últimas páginas e vai achando que tudo que vem se desenhando vai realmente acontecer e quando chegamos perto do final, acontece, não exatamente do jeito que pensamos, mas de uma maneira tão espetacular e bonita, que, não frustra. Não é um final previsível, simplesmente surpreende pela maneira com que aconteceu. Muitos certamente terão sentimentos egoístas com o final, vai ser difícil resistir de colocar seus sentimentos como leitor em primeiro lugar, mas no fim de tudo, vão entender o porque de ter acontecido daquele jeito. 

É isso gente, essa foi a minha resenha de Todo Dia. Um livro muito especial e melhor que “A Culpa é das Estrelas”. Ok, brincadeiras a parte, recomendo muito essa leitura, eu garanto que não vão se arrepender.

Acabou, então, até a próxima resenha.

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