[RESENHA] A Saga Otori - O Piso-Rouxinol Vol.1

Autor: Lian Hearn
Editora: WMF Martins Fontes
Páginas: 328
Ano: 2002
Classificação: 5/5
Sinopse: Em sua fortaleza de muralhas escuras, o senhor e assassino Iida Sadamu observa seu famoso piso-rouxinol. Construído com grande perícia, esse piso canta a cada passo de quem tente atravessá-lo. Nenhum ser humano consegue passar por ele sem ser ouvido. Mas, num remoto povoado das montanhas, na parte alta das terras vastas e antigas dos Três Países, mora um menino fora do comum. Ele ainda está por descobrir sua verdadeira identidade e o grande mistério que lhe confere o poder de destruir as ambições assassinas de Iida. Criado entre os Ocultos, povo isolado e voltado para o desenvolvimento da mente, Takeo conhece apenas os caminhos da paz. No entanto, ele tem os dons sobrenaturais da Tribo - uma audição extraordinária, a capacidade de estar emdois lugares ao mesmo tempo, o poder de se tornar invisível. Quando sua vida é salva pelo misterioso Senhor Otori Shigeru, Takeo inicia a jornada que o levará ao encontro de seu destino, no interior das muralhas de Inuyama. Em seu trajeto ele irá conhecer vingança e traição, honra e lealdade, beleza e magia, além da avassaladora paixão amorosa. 'O piso-rouxinol', o primeiro livro da trilogia 'A saga Otori', é uma história vigorosa, uma extraordinária obra de ficção, de magnitude épica e de brilhante imaginação. O mundo mítico dos Otori é inesquecível.

Esse é um livro que eu estava querendo ler há bastante tempo. Me recordo que assim que comecei a ouvir sobre a história em uma resenha da saga completa no YouTube, eu tive a certeza de que tinha que ler, por muitos fatores diferentes: Capa, Japão servindo como inspiração para a história, em especial seu período feudal, fantasia, além dos títulos, impossível de passar batido sem que a curiosidade apareça. Conheçam, A Saga Otori - O Piso Rouxinol, de Lian Hearn, primeiro livro da saga.



O Piso Rouxinol narra a história de Tomasu, que em pouco tempo passará a se chamar Otori Takeo. Ainda como Tomasu, um dia de chuva trouxe para aquele garoto pequeno o pior momento de sua vida: todos que moravam em sua vila, inclusive seus pais e irmãos, foram mortos pelo tirano Iida Sadamu, que tinha como objetivo destruir todos aqueles que fizessem parte dos Ocultos, um povo que tinha poderes especiais, que cultuavam uma religião diferente da cultuada em boa parte do território dos Três Países, ainda assim, sendo respeitados pela maioria dos senhores e vivendo em regiões isoladas.

Tomasu foi salvo pelo senhor Otori Shigeru quando estava prestes a receber o golpe que tiraria sua vida. A partir daquele dia, passou a chamar-se Otori Takeo e passou a ser conhecido como filho adotivo do homem que lhe salvou. Sua súbita aparição no cenário político dos três países desencadeou uma série de acontecimentos e ficou claro para ele que tudo aquilo era parte de uma trama maior do que ele imaginava. Takeo se via agora em meio da honra, vingança, traição, magia e romance, ingredientes que tornaram-se parte de sua vida a partir do momento em que ela foi poupada.

[...] Quando a neve derreteu, Tomasu, o menino meio selvagem que perambulava pela montanha e lia apenas seus animais e plantas, desaparecera para sempre. Eu me transformara em Takeo, tranquilo, aparentemente inofensivo, pintor, um pouco dado a livros, um disfarce que escondia os ouvidos e olhos aos quais nada escapava e também o coração que estava aprendendo lições de vingança.

Uma das coisas que eu mais pude perceber na história é o quanto é fácil de ser lida, em como as coisas correm de maneira veloz, sem enrolação, mas que também é uma chuva de informação atrás da outra, reviravoltas e muitos elementos que tornam a leitura absolutamente agradável. Como eu fiquei feliz ao constatar tudo isso nesse primeiro livro, sensação que tornou-se melhor ainda depois da minha alta expectativa para a história. Em suma, o livro não me decepcionou nem um pouco.

A narrativa de Lian Hearn é tão agradável que, quando você percebe, acabou o livro. A sensação agradável também se estende a praticamente todos os personagens que são recorrentes na história. Takeo narra tudo, é desconfiado, tem uma espécie de dom para definir o quão confiável a pessoa é, além de suas habilidades para ouvir coisas que ninguém mais consegue, de passar pelas sombras sem ser percebido. Perto dele, quase sempre está Shigeru, seu pai adotivo, um homem calmo, mas que esconde dentro de seu semblante uma habilidade para enganar a todos com suas atitudes. Ele é sem dúvidas um dos personagens mais inteligentes da série, uma pena ele (SPOILER A SEGUIR, PARE AQUI SE NÃO QUISER SABER) morrer próximo ao fim do livro.



Um outro personagem que merece destaque na história é Shirakawa Kaede, que também é protagonista da história, por mais que a maior parte dos acontecimentos tenha relação direta com Takeo. Não falei mais acima no resumo da história, mas ela também possui um ponto de vista aqui, alternando entre os capítulos de Takeo, o estranho disso, é que mesmo estando no ponto de vista de Kaede, a narração é feita pelo onipresente Otori Takeo. Eu achei um pouco estranho isso, tanto que esse deve ter sido o único defeito que encontrei no primeiro volume. Ela é uma espécie de refém de uma família dos Três Países, servindo como garantia de que a família de seus pais não cometerá nenhum ato de traição. Sua construção é tão boa de acompanhar quanto a de Takeo. 

É incrível como os dois protagonistas vão amadurecendo dentro da trama, sem que a autora deixe de lado as características principais dos personagens,que ficam evidentes a partir do momento que os conhecemos. Takeo, apesar de tudo, é um personagem extremamente gentil e para ele não é fácil ter que aprender as habilidades de assassino que tornaram seu pai famoso. Kaede, apesar de mostrar grande força, não deixa de ser frágil, abalando-se facilmente com os acontecimentos.

Com uma simplicidade de criança, ela se agarrava às vagas lembranças que tinha da casa que deixara aos sete anos de idade. Não via a mãe nem as irmãs mais novas desde o dia em que o pai a escoltara até o castelo.

Não podemos deixar de falar do antagonista deste primeiro volume. Iida Sadamu é um típico vilão que está em busca de dominação. É um tirano que sente-se superior a todas as outras pessoas que lhe cercam, até mesmo as mais próximas de si. Ele não mede esforços para alcançar seus objetivos, mesmo que para isso ele precise ter que matar crianças indefesas, chantagear outras famílias, colocar anos de tradição por água a baixo. É claro, ele é mais do que odiado por praticamente todo o povo dos Três Países, principalmente aquele que mora nos locais em que ele tomou a força dos Otori. Então, quando surge a história de que Iida Sadamu pode estar ameaçado, a esperança de um povo é renovada.

E assim a história caminha, em uma velocidade incrível, até um final excelente, porém triste e que deixa brechas certeiras para o segundo volume da série. Após o fim do primeiro volume, o que não falta é teorias na minha cabeça para tentar adivinhar os rumos que os personagens tomarão no futuro. Sem dúvidas, só no primeiro volume A Saga Otori me conquistou, então, mais do que recomendo para vocês essa obra sensacional. Leiam!

É isso galera, em um futuro próximo, talvez, resenha do segundo volume. Até a próxima!

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