[RESENHA] Jogos Vorazes

Autor: Suzanne Collins
Editora: Rocco
Páginas: 400
Ano: 2010
Classificação: 5/5

Após o fim da América do Norte, uma nova nação chamada Panem surge. Formada por doze distritos, é comandada com mão de ferro pela Capital. Uma das formas com que demonstram seu poder sobre o resto do carente país é com Jogos Vorazes, uma competição anual transmitida ao vivo pela televisão, em que um garoto e uma garota de doze a dezoito anos de cada distrito são selecionados e obrigados a lutar até a morte! Para evitar que sua irmã seja a mais nova vítima do programa, Katniss se oferece para participar em seu lugar. Vinda do empobrecido distrito 12, ela sabe como sobreviver em um ambiente hostil. Peeta, um garoto que ajudou sua família no passado, também foi selecionado. Caso vença, terá fama e fortuna. Se perder, morre. Mas para ganhar a competição, será preciso muito mais do que habilidade. Até onde Katniss estará disposta a ir para ser vitoriosa nos Jogos Vorazes?

E aqui estou para trazer a vocês mais uma postagem no blog. Não deixa de ser especial, já que é Jogos Vorazes, a primeira parte de A Esperança acabou de chegar, então nada melhor do que fazer uma retrospectiva com resenhas do livros da série e falar um pouco sobre as adaptações para o cinema. É isso, confiram a resenha de Jogos Vorazes e algumas palavrinhas sobre o primeiro filme.

Que os jogos comecem!

Meu primeiro contato direto com Jogos Vorazes foi com o primeiro filme, mesmo já sabendo da existência dos livros, mas livros que até então eu nem tinha adquirido (na verdade, até hoje não tenho eles na estante, já que li emprestado). Adorei o primeiro filme, o segundo e fiquei na vontade, até enfim, ler a série completa no mês passado em pouquíssimo tempo, algo em torno de 15 dias. E posso dizer que, sem dúvidas, tornou-se uma das minhas séries favoritas. 

Jogos Vorazes conta a história de Katniss Everdeen, uma habitante de um dos doze distritos que fazem parte de um país chamado Panem. O país é algo do que restou dos Estados Unidos, que foi extinto. Em um certo período da história do país, os distritos se rebelaram contra a Capital e a atacaram. A Capital venceu e, como forma de lembrar aos distritos de que ela sempre estará no comando, foi criado o Jogos Vorazes, evento que acontece anualmente e leva dois habitantes de cada um dos distritos a se enfrentarem em um campo de batalha e promover uma verdadeira carnificina como entretenimento para o país.

Que a sorte esteja sempre a seu favor.

Katniss tem dezesseis anos e leva uma vida um pouco tranquila no Distrito 12, caçando com seu amigo Gale, para conseguir tirar o sustento de sua família, que não vive em boas condições. A paz dura até que chegue o dia da Colheita, o momento em que os habitantes do distritos conhecem os Tributos que irão para os Jogos Vorazes. A irmã de Katniss, mesmo em seu primeiro ano no sorteio, é a escolhida. Mas, para não deixar sua irmã ir, a protagonista da história se oferece como voluntária. O outro tributo sorteado é Peeta Melark, alguém que em um certo dia do passado contribuiu grandemente para que Katniss e a família permanecessem vivos, mesmo sendo um gesto simples.

A partir do momento em que ela passa a viver os Jogos Vorazes, ela percebe que tudo é mais grandioso do que aparentava ser. Tudo é ainda maior, cheio de planos e intenções assassinas. 

Jogos Vorazes é uma história que prende o leitor que se apaixona por ela. Por ser narrada em primeira pessoa, sentimos ainda mais a intensidade dos sentimentos de Katniss, tudo que ela tem que enfrentar para conseguir sobreviver à matança. Sem contar em toda a manipulação que ela sofre ou que ela mesma trata de produzir, com atitudes que levem o público a acreditar em algo diferente do que ela pensa.

Katniss ainda assim, está longe de ser uma protagonista perfeita. Sua incerteza diante de tantas coisas é o que a deixa distante de ser uma personagem inteiramente amável. A pureza dela, um ponto frequentemente citado na história, é sua principal característica, mas também sua mais ferrenha adversária. Ela se deixa levar facilmente por emoções e não percebe que uma mínima atitude sua pode desencadear acontecimentos nunca antes imaginados para Panem. Ela não entende tudo que está atrás dos panos, não entende as manipulações que ela e Peeta sofrem por parte de Haymitch, o mentor dos dois. Mas não posso negar a força que a personagem carrega na história. Mesmo que ela não carregue toda a trama nas costas, ser protagonista de uma história como essa deixa a responsabilidade ainda maior, e Suzanne Collins soube construir uma personagem capaz de carregar esse fardo com ela mesma, uma personagem que sabe trancar seus sentimentos mais devastadores dentro de um canto escuro para dar lugar a uma determinação que causa todo tipo de comoção em cada habitante de Panem, ávidos por uma história que faça valer a pena o tempo em que eles passam desocupados na frente da TV, vendo os tributos destruírem uns aos outros.

Mas ele se tornou muito mais do que um companheiro de caçada. Ele se tornou meu confidente, alguém com quem eu podia dividir os pensamentos que eu nunca podia dar voz dentro do muro. Em troca, ele confiou em mim. Quando estava fora na floresta com Gale... Às vezes eu era feliz de verdade.

Peeta já é menos ingênuo e mais inteligente. É praticamente um contra-ponto à Katniss. Ainda assim, a gentileza presente no personagem é também um grande adversário para a dupla de protagonistas. Se Katniss é do tipo que não enxerga os planos que estão correndo, Peeta é do tipo que sabe o que se passa na mente das pessoas. Ele é um personagem que sabe lidar bem com as palavras e tem uma capacidade de convencer melhor do que sua parceira de distrito. Ele sabe exatamente o que cada um quer ouvir e com essa habilidade, ele consegue levar as chances dele e de Katniss nos jogos à um outro patamar, mesmo que certas palavras que ele diga acabem resultando em socos vindos do inocente punho explosivo de Katniss. E, para quem ainda não sabe disso, ele é perdidamente apaixonado por ela.

Ela não faz ideia. Do efeito que ela pode ter.

Outro personagem vital para a história é o já citado Haymitch. Ele é mentor por já ter vencido uma vez os Jogos Vorazes. É um personagem que já não liga tanto para a vida e sua única razão de viver é ter uma garrafa de bebida alcóolica nas mãos para se manter bêbado e alheio a assuntos que lhe aborreçam. Mas ao perceber o potencial daquela dupla e o que eles poderiam fazer para melhorar a vida no Distrito 12, ele passou a acreditar nas chances dele. Enquanto os dois estão no banho de sangue, ele fica nos bastidores, procurando patrocínios que possam facilitar a vida de seus protegidos, mesmo que ele saiba que, de acordo com as regras, somente um deverá sair vivo da arena e seu apoio deverá ser dado à sua escolha.

A série conta com outros personagens, também importantes. Temos Gale, melhor amigo de Katniss, que está claramente apaixonado por ela. Prim, a irmã que quase vai para os Jogos Vorazes. Effie Trinket, personagem divertidíssima, ela acompanha Katniss e Peeta nas atividades que eles tem que cumprir antes dos jogos. Rue, uma criança, da idade da irmã de Katniss, por quem a protagonista passa a nutrir uma grande afeição ao longos dos jogos. As duas personagens protagonizam alguns dos momentos mais emocionantes do livro.

Dois personagens também muito importantes são Snow e Cinna. Snow é o presidente de Panem, o homem por trás dos Jogos Vorazes. É um personagem com muitos segredos, que virão a ser revelados mais a frente na história. Já Cinna, é o estilista que colocou os olhos de todos de Panem virados para Katniss e Peeta. O legal do personagem é a relação de confiança que ele constrói com a protagonista, sendo o único ali em quem ela realmente confia fortemente. É impossível não gostar de Cinna, a não ser quando é o Lenny Kravitz no papel do personagem nos cinemas, ali a essênsia do personagem perde-se completamente.

E lembre-se disso. Eu não estou autorizado a apostar, mas se eu pudesse, meu dinheiro estaria em você. - Cinna

O clima sombrio da história de Jogos Vorazes foi uma das coisas que mais me cativou no livro. As ações dos personagens, todos os problemas pelos quais eles passam, os desafios na arena, os planos que regem toda a orquestra que é a matança exagerada, o teor político da obra, que mostra um governo opressor contra uma população que, na maioria dos distritos, é completamente desacreditada da possibilidade de melhorar de vida.

São raros os momentos em que a escrita de Suzanne Collins cansa o leitor, mesmo quando Katniss está em seus piores momentos mentais. Achei incrível o quanto ela consegue desenvolver boa parte dos personagens contando a história de somente um ponto de vista. E o desfecho do primeiro volume deixa muitas coisas em aberto para a continuação. 

E, agora falando de cinema… A adaptação do primeiro livro é excelente. Há pouquíssimas coisas a se destacar de ruim no trabalho executado pela Lions Gate, tamanha a qualidade da adaptação. Jennifer Lawrence caiu como uma luva no papel de Katniss, assim como Josh Hutcherson no papel de Peeta. A maior ressalva vai para Lenny Kravitz como Cinna. Antes de ler o livro nem senti isso, mas após ler e rever o filme, percebi que aquele personagem sensacional dos livros foi completamente apagado nos filmes e, quando aparece, a atuação de Kravitz nos faz querer que a cena passe o mais rápido possível.

Uma coisa é verdade: Jogos Vorazes é apenas uma pontinha do Iceberg que é toda a trilogia. Esperem por mais ação no segundo volume, que ganhará em breve, breve mesmo, sua resenha aqui no blog. Fiquem no aguardo.

Um abraço a todos que leram esta resenha gigantesca e até a próxima!