[RESENHA] O Aprendiz de Assassino Vol. 1

Autor: Robin Hobb
Editora: LeYa
Páginas: 416
Ano: 2013
Classificação:  5/5
O jovem Fitz é o filho bastardo do nobre Príncipe Cavalaria e foi criado pelo cocheiro de seu pai, à sombra da corte real. Ele é tratado como um penetra por todos na realeza, com exceção do Rei Sagaz, que faz com que ele seja secretamente treinado na arte do assassinato. Porque nas veias de Fitz corre a mágica do Talento – e o conhecimento obscuro de um garoto criado em um estábulo, entre cães, e rejeitado por sua família. Quando assaltantes bárbaros invadem a costa, Fitz está se tornando um homem. Logo ele enfrentará sua primeira missão, perigosa e que despedaçará sua alma. E embora alguns o vejam como uma ameaça ao trono, ele pode ser a chave para a sobrevivência do reino.

O Aprendiz de Assassino foi uma das experiências literárias mais loucas e inexplicáveis que eu tive durante a leitura. A Saga do Assassino é considerada uma das melhores obras de fantasia moderna, elogiada até mesmo pelo mestre George R. R. Martin. E eu descobri em meio a suas páginas as diversas razões que explicam tal status da obra. Mais abaixo contarei o que achei e como me senti lendo o primeiro livro da saga.



O Aprendiz de Assassino conta a história de Fitz, um garoto ainda novo, mas que depois de descobrir que é filho do príncipe do ducado de Cervo, passa a assumir responsabilidades que mudam o curso da sua vida: ele será o assassino contratado pelo rei, que, por um acaso do destino (um romance de seu filho com uma plebéia), é seu avô.

Para esta tarefa ele passará por um treinamento difícil, que testará seus limites e que despertará o ódio em si e naqueles que não veem com bons olhos sua presença na realeza, principalmente pelo fato que, ao descobrir que tinha um filho fora do casamento, o Príncipe Cavalaria decidiu abdicar da sucessão ao trono e viver isolado com sua mulher. Diversas missões são passadas a Fitz e muitas aventuras são por ele vividas.

Não faça o que não pode desfazer, até ter considerado o que não poderá fazer depois de tê-lo feito.

Além disso ele descobrirá que tem a manha, uma espécie de magia que faz com que ele crie vínculos com animais e possa saber o que eles estão pensando ou sentindo e até comunicar-se com eles, os animais também podendo fazer o mesmo quando tocados pela manha de Fitz. O grande problema disso tudo é que a manha também não é bem vista pelas pessoas dos Seis Ducados. Segundo Bronco, responsável por cuidar de Fitz em seus primeiros anos no castelo do ducado de Cervo, a manha chegou a transformar completamente seus usuários, fazendo com que eles assumissem de vez a forma de vida do animal com quem eles tivessem o maior vínculo.

Narigudo estava sempre ao meu lado, tão vinculado a mim agora que a minha mente raramente se separava por completo da dele. Eu usava os seus olhos, nariz e boca como se fossem meus e nunca passou pela minha cabeça que isso fosse sequer um pouco estranho.

Em um plano de fundo, não tão superficial assim, os Seis Ducados são atacados pelos Salteadores dos Navios Vermelhos, que transformam os habitantes dos ducados em Forjados, seres ainda vivos, mas que não possuem emoção alguma, mesmo lembrando de suas vidas antes da forja.



Algo raro de se ver em livros narrados em primeira pessoa com somente um ponto de vista é a boa qualidade do desenvolvimento da maioria dos personagens que aparecem durante as histórias. Robin Hobb consegue fazer isso de uma maneira fantástica. Ao menos neste primeiro volume, é visível a atenção que ela dá aos personagens secundários de maior importância na trama, mesmo que tudo seja contado do ponto de vista de Fitz. Há, definitivamente, espaço para todos. Ainda falando sobre os personagens no geral, todos eles tem nomes que refletem como eles deverão ser, algo como Majestoso, Bronco. Com essas palavras dá para se ter uma ideia das características do personagem. O nome Fitz, apesar de não aparentar, também tem significado: em alguma língua, pelo que entendi, significa, literalmente, bastardo. 

O protagonista, apesar de não ser nem de perto um dos personagens mais carismáticos que já acompanhei, é alguém que fez com que eu me identificasse com ele, e isso não aconteceu por que achei semelhanças entre eu e ele. Lembram da manha que citei mais acima? Pois é, essa foi a loucura que aconteceu durante a minha leitura: como expliquei, a manha acaba criando uma espécie de vínculo entre o usuário e o alvo. Acontece que, mesmo sendo uma ficção, eu fiquei bem afetado pelas emoções e pensamentos do Fitz. O personagem sofre na história de uma maneira, para quem se sentiu como eu durante a leitura, perturbadora. O sofrimento é pouco físico, apesar de existir e muito mental. Fitz é cheio de dilemas e parecem que eles não param de surgir. A menina por quem ele se apaixona parece também estar apaixonada por ele, mas no dia em que decide se declarar, vê ela com outro. Ou um professor de Talento (outro tipo de magia, basicamente o mesmo que a manha, mas que permite comunicação mental com humanos e até confundir inimigos criando situações dentro de suas mentes que os levem ao erro) que o odeia e o maltrata mentalmente, incute o medo nos nos recantos mais profundos da mente de Fitz. O próprio fato de se tornar um assassino é um fardo pesado demais para que um garoto como ele possa carregar sem que seja afetado por todos os males que tal tarefa pode causar. E assim me senti, querendo ler mais e mais de uma história completamente interessante, mas cansado mentalmente de uma leitura que exige muito daqueles que se envolvem realmente com ela. Somente eu que li a história e me senti afetado pelas emoções de Fitz? Leitores do blog e que já leram o livro digam-me como se sentiram lá nos comentários.

Agora, meu personagem favorito do livro, o Príncipe Veracidade, tio de Fitz. Que personagem bacana, interessante, sensacional até. Acho que posso considerar ele um dos protagonistas da história, principalmente por ser ele quem está usando seu Talento para atrasar os ataques do Navios Vermelhos. É incrível a mudança que ele sofre do começo do livro para os momentos em que ele está lidando com a ameaça inimiga. Ele começa como um tio cheio de vida, admirável e substituto ideal para Cavalaria. Ao longo das páginas ele vai se tranformando em uma pessoa sem energia, acabado pelo uso contínuo do Talento. É um personagem realmente admirável, principalmente pela sua força de vontade em continuar a manter os inimigos longe dos Seis Ducados pelo menos até a chegada do Inverno, que impossibilita os navios de navegarem. Sinto e até sei que a importância dele nos próximos volumes será ainda maior. 

Temos ainda outros personagens que, só não entro em detalhes aqui pelo tamanho que ficaria a resenha se eu fizesse isso, são eles: Breu, o professor de “assassinato”; Moli, amiga que Fitz conhece depois que muda-se para o castelo, em uma de suas saídas do local, para aventurar-se pelas ruas do ducado com amigos que ele conhece e por quem ele futuramente se apaixona; Bronco, primeiro tutor de Fitz e quem cuidou dele por alguns anos; Majestoso, irmão de Veracidade e Cavalaria, um personagem metido a vilão da história; O misterioso Bobo; E outros. Prometo selecionar alguns desses para falar mais um pouco sobre eles na resenha do segundo volume.

Livros com mapas = PERFEITOS 


O primeiro livro da trilogia é uma ótima introdução ao mundo criado por Robin Hobb. Os personagens são extremamente interessantes e a trama que guia todos é bem consistente e aguça nossa curiosidade como leitor. Em mim, teve aquele efeito extra que relatei mais acima e já deixo dito, que isso pra mim foi bem positivo, mesmo que a experiência não tenha me feito muito bem. O único problema do livro foi que, em certos pontos, a história se arrasta um pouco, ainda assim isso não comprometeu em nada a leitura. Só fico com um pouco de medo desse problema se agravar nos próximos livros, que possuem uma quantidade de páginas consideravelmente maiores que o primeiro da trilogia.

Em relação à edição da LeYa, está algo bem padrão da editora, nada demais. Se bem que só por ele ter um mapa o torna um livro perfeito. Livros com mapas são outra coisa. Brincadeiras a parte, temos somente a polêmica da capa. Primeiramente tivemos a capa da edição que tenho, que por sinal achei bem bonita, mesmo muitos não achando. E temos também a nova capa, com a bela ilustração de Marc Simonetti. Foi uma polêmica porque muitas não gostaram da editora ter saído de um primeiro padrão, mas ainda assim, tivemos que aceitar o fato. Pelo menos ela enviou uma jacket com a nova ilustração para quem já tinha a antiga.

A belíssima nova capa
Então é isso galera, leitura super recomendada para vocês. Espero trazer em breve a resenha do segundo livro, mas só espero. Na verdade, preciso ter ele em mãos para isso. Enquanto isso, fiquem no aguardo que em breve teremos mais resenhas por aqui. Até a próxima! 

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4 comentários ♥

  1. Oi Wesley, tudo bem?

    Deu pra ver claramente que você se surpreendeu com a obra, que parece de fato excelente :) Super entendo isso de: Querer ler, mas se sentir mentalmente cansado com tanto informação pra processar. É como os livros de GoT, precisa de certa paciência, né? Mas com certeza quero ler esse livro, além de ser muito famoso, sua resenha ficou ótima.

    Beijos
    http://www.estantedasfadas.com.br/

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    1. Sim sim, fiquei realmente impressionado. E leia, ele faz jus a fama que ganhou ao longo do tempo. ^^

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  2. Oi Wesley
    Estou terminando de ler o terceiro livro desta série, que concordo com você, é ótima. Robin Hobb é realmente uma contadora de histórias e merece todos os seus elogios. E um dos meus personagens favoritos também é o príncipe Veracidade.
    Abraços,
    Gisela
    @lerparadivertir
    Ler para Divertir

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    1. Sem dúvidas, Robin contadora de histórias admirável.

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