[RESENHA] Lúcifer e o Martelo Vol. 1

Autor: Satoshi Mizukami
Editora: JBC
Páginas: 225
Completo com 10 volumes
Ano: 2014 (Início no Brasil)
Classificação: 5/5
Yuuhi Amamiya é o improvável protagonista da história, um universitário desinteressado que recebe a missão de ajudar a “princesa” a salvar a Terra. Mas o “cavaleiro” do lagarto terá grandes obstáculos pela frente, sem contar sua própria inabilidade e falta de vontade, com o pequeno detalhe que, caso falhe, o planeta será esmagado por um martelo gigante, cuja sombra se projeta pelos céus.

O Japão está cheio de títulos menos conhecidos pelo público brasileiro, mas que ainda assim atraem cada vez mais o interesse das editoras. Se com Vinland Saga, a Panini conseguiu seu maior acerto de 2014, inclusive com ele sendo considerado o melhor título do ano por muitos, a JBC chegou bem perto disso ao anunciar e trazer para o Brasil, o sensacional e injustiçado Lúcifer e o Martelo, conhecido nas terras orientais como Hoshi no Samidare, do autor Satoshi Mizukami



Só para confirmar o que eu já disse, Lúcifer e o Martelo é outro dos melhores títulos de 2014. Na opinião deste que vos escreve, só não foi melhor que Vinland Saga. Talvez vocês tenham se perguntado o porque do mangá ser injustiçado. Simples, pelo fato de que muitas obras no Japão conseguem ser adaptadas em animações, inclusive obras com qualidade inferior à citada aqui, porém, infelizmente, para a revolta de japoneses e fãs que moram no ocidente, essa obra adorada não ganhou uma animação. Vale falar que, mesmo quando menos conhecida aqui, o número de fãs da obra lá no Japão é grande e, aqui no Brasil, após o início da publicação da JBC, mais fãs apareceram por aqui.



Lúcifer e o Martelo pouco tem a ver com o nome da obra aqui no Brasil, que sem dúvidas, é capaz de afastar alguns desavisados que não conhecem do que se trata a história. No mangá, a Terra está sendo ameaçada pelo Feiticeiro, um mago do mal que planeja destruir o planeta. Ele cria bonecos de barro que atacam os Cavaleiros escolhidos para proteger o mundo. O principal boneco de barro é o Biscuit Hammer, um martelo gigante, que se encontra no espaço, pronto para, com uma martelada, fazer migalhas da Terra.

Para proteger o planeta existem os Cavaleiros, cada um representado por um certo animal, que fala, mas que é invisível para as pessoas normais. Um deles é o ótimo protagonista, Yuuhi Amamiya, o Cavaleiro de Lagarto, que tem como o parceiro Noi, um lagarto (ah vá), que aparece do nada, falando que ele terá que proteger a terra do mal, mas que não é levado a sério pelo cavaleiro que lhe representa. Yuuhi é misterioso e, mesmo sabendo que a Terra está ameaçada, ele parece pouco se importar com o destino que o planeta terá. Por algum motivo, seu maior desejo é que ela seja destruída. Porém, seu modo de pensar terá um leve mudança de curso quando ele conhecer a princesa por quem os Cavaleiros lutam, a Lúcifer de saias, a outra protagonista da história, Samidare Asahina.



Samidare é vizinha de Yuuhi, mesmo ele nunca tendo nenhum tipo de relação com ela, até o momento que ele descobre a trama em que está envolvido. Ela, como aquela que é responsável por inspirar os Cavaleiros a lutar, deseja destruir cada boneco de barro, acabar com os planos do Feiticeiro, impedindo que ele destrua o planeta, (aí vem a grande quebra do famoso clichê do herói/heroína) para que, ela mesma, possa realizar este serviço. Nenhum dos Cavaleiros que vêm a surgir na história sabem dos planos dela, exceto Yuuhi, que passa a se importar com o fato da Terra ser destruída e deseja protegê-la, para que sua amada princesa seja aquela que dará fim à vida de todos. Porque Lúcifer de Saias? Samidare tem uma certa personalidade que aparece quando ela “acorda” seu lado do mal, que deseja a destruição, por isso o apelido que ela recebe nessa história, ou foi pelo menos o que eu entendi disso.



O Volume 1 considerei uma ótima introdução, que para alguns, pode não ser suficiente para enxergar a grandeza da obra, mas que quase sempre vai ser capaz de atiçar a curiosidade pelo que está por vir. Acredito que um dos grandes trunfos na obra está no desenvolvimento dos personagens. Yuuhi é claramente um cara que não sabe bem o que quer, mesmo com uma ideia de certa forma, fixa na cabeça, de ódio, que fica bem evidente na expressão que ele assume quando se sente ameaçado, quando expõe seus desejos de destruição. Suas dúvidas se baseiam muito em seu passado, principalmente ligado ao seu avô, e quando chega o momento dele usar os poderes que ele recebe ao se tornar um Cavaleiro, ele fraqueja e não consegue usar todo seu potencial, ficando preso às correntes de lembranças do passado, ainda não tão detalhadas nesse primeiro volume. Fico muito interessado em ver se ele vai mudar a maneira de pensar, em como ele irá terminar ao fim dos 10 volumes.

Asahina é uma personagem muito divertida, mas sem deixar de lado seu lado maléfico. É uma princesa, com uma força descomunal, mas que num mundo normal ela seria uma simples colegial. Obviamente, como ainda estamos no começo da obra, não fica tão claro a motivação dela em querer destruir a Terra, mas isso é algo que deve ser exposto mais à frente e deve render mais bons elementos para compor a trama de Lúcifer e o Martelo. O mangá consegue entregar ótimas doses de comédia, mistério e cria expectativas para os próximos acontecimentos.

Algo que curti no mangá foram os traços do autor. Não é nada genial, a nível dos grandes mestres de desenho no Japão, mas também não achei algo genérico demais. Não sou nenhum especialista em julgar o nível de habilidade que um mangaká tem em desenhar suas obras, mas achei o traço de Satoshi Mizukami cheio de personalidade, combinando muito bem com os personagens representados.



A JBC trouxe uma edição de ótima qualidade para os leitores. Tenho que falar que, quando se trata de papel nas edições mais básicas, o nível do material da JBC é excelente. Nada de papel jornal, mas um papel com ótima qualidade, coisa bastante cobrada pelos leitores brasileiros, isso sem contar as páginas coloridas e todo o cuidado que eles tem no acabamento. Dentro do mangá, falando agora de texto, a JBC fez um bom trabalho, sabendo adaptar muito bem o que era necessário adaptar. Havia um certo receio pelo teor humorístico da obra ser muito voltado ao público japonês, o que poderia acabar causando estranhamento no público brasileiro, com piadas que, dependendo do cuidado que a editora tivesse, não teriam toda a graça que o autor quis passar no texto original. Felizmente, o trabalho foi bem feito e, pelo menos eu consegui dar boas risadas enquanto lia. Legal também é a nota que o autor preparou exclusivamente para a edição brasileira. A única ressalva que faço à edição da JBC é o título que eles deram à obra, mais pelo fato de que pode acabar afastando o público que vá conhece-la pela primeira vez. 

Esse foi o review do ótimo primeiro volume de Lúcifer e o Martelo, que, no momento em que o este texto está indo para o ar, já se encontra prestes ter seu oitavo volume publicado por aqui. Prometo voltar assim que eu terminar de ler todos os outros volumes, para fazer uma resenha completinha da obra para vocês. Espero que tenham gostado e até a próxima!

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