[ RESENHA] Toda Luz que não Podemos Ver + Sorteio!

Autor: Anthony Doerr
Editora: Intrínseca
Páginas: 528
Ano: 2015
Classificação: 5/5
Marie-Laure vive em Paris, perto do Museu de História Natural, onde seu pai é o chaveiro responsável por cuidar de milhares de fechaduras. Quando a menina fica cega, aos seis anos, o pai constrói uma maquete em miniatura do bairro onde moram para que ela seja capaz de memorizar os caminhos. Na ocupação nazista em Paris, pai e filha fogem para a cidade de Saint-Malo e levam consigo o que talvez seja o mais valioso tesouro do museu.

Em uma região de minas na Alemanha, o órfão Werner cresce com a irmã mais nova, encantado pelo rádio que certo dia encontram em uma pilha de lixo. Com a prática, acaba se tornando especialista no aparelho, talento que lhe vale uma vaga em uma escola nazista e, logo depois, uma missão especial: descobrir a fonte das transmissões de rádio responsáveis pela chegada dos Aliados na Normandia. Cada vez mais consciente dos custos humanos de seu trabalho, o rapaz é enviado então para Saint-Malo, onde seu caminho cruza o de Marie-Laure, enquanto ambos tentam sobreviver à Segunda Guerra Mundial.

Uma história arrebatadora contada de forma fascinante. Com incrível habilidade para combinar lirismo e uma observação atenta dos horrores da guerra, o premiado autor Anthony Doerr constrói, em Toda luz que não podemos ver, um tocante romance sobre o que há além do mundo visível.
Oi pessoal! Hoje trago pra vocês uma resenha muito, muito especial, por dois motivos: O primeiro, por ser o primeiro livro que eu resenho da nossa parceira Intrínseca (lembrando que já tivemos resenha escrita pela Gisele, de Estação Onze e eu mesmo fiz um textinho especial sobre Plutão, os dois publicados recentemente). O segundo motivo é que, gente, que livro incrível! E é sempre difícil falar de livros incríveis, ainda mais quando eles acabam se tornando um dos seus livros favoritos da vida. E esse então, ficou lá em cima, lado a lado com aquele título que já declarei em diversos posts meus como meu favorito, que é A Menina que Roubava Livros. Coincidentemente, Toda Luz que Não Podemos Ver tem a mesma temática, no caso a Segunda Guerra Mundial. Mas tirando isso e outras coisinhas pontuais, eles são escritos de maneira bem diferente.

Vale começar dizendo que Toda Luz que não Podemos Ver já chegou no Brasil sendo um sucesso enorme lá fora. No começo do ano a editora anunciou ele na Turnê Intrínseca e fiquei encantado pela capa, ainda mais com a história, que prometia muito. Pra aumentar ainda mais o hype pré-leitura, muita gente do país estava elogiando muito e pra completar, o livro é o vencedor do Pulitzer de 2015, na categoria de melhor ficção. Gente, o Pulitzer, um dos principais prêmios que um livro/notícia/jornal e etc pode receber no mundo! Só isso vale dar uma chance ao livro.


A história se passa no período em que a Alemanha Nazista inicia a campanha de invasão de seus exércitos na França. Começamos a narrativa com Marie-Laure, uma criança francesa que aos seis anos de idade ficou cega. Seu pai, que trabalha como chaveiro no Museu de História Natural de Paris, leva ela todos os dias, para que possa conhecer o mundo sem que necessariamente ela precise vê-lo com os olhos. Ela aprende desde criança que sua visão do mundo não é feita somente pelo que ela pode ou não enxergar. Para ajudá-la, seu pai constrói, nos mínimos detalhes, uma réplica em madeira do bairro de Paris em que os dois moram, para que ela possa se orientar pelas ruas retratadas na maquete.

E certo momento, o exército alemão enfim entra em ação e toma a cidade. Marie-Laure e seu pai fogem para Saint-Malo, onde mora um parente, ele levando consigo um dos itens mais preciosos do museu e que não podia correr o risco de ser encontrado pelo alemães.
Ao anoitecer, eles jorram do céu. Pairam acima das muralhas, fazem acrobacias sobre os telhados, esvoaçam nos espaços entre as casas. Dançam em redemoinhos que preenchem ruas inteiras, salpicam de branco as pedras do pavimento. "Mensagem urgente para os habitantes desta cidade", dizem. "Partam imediatamente para o campo aberto."
Do lado alemão está Werner, o outro protagonista da história. Cabelos brancos, sem pai nem mãe, vive com a irmã, Jutta, em uma residência para orfãos. Ele é um garoto esperto, que gosta de ficar andando pela cidade com a irmã e admirando o mundo. Um certo dia ele encontra um rádio quebrado e o leva para casa. Mexendo no objeto, ele consegue consertá-lo, passando a ouvir todos os dias as transmissões que ele encontrava, sejam músicas, notícias, programas educativos ou de entretenimento. Esse pequeno rádio foi só uma centelha, que acabou por tornar Werner famoso na cidade pelas suas habilidades de resolver problemas com os equipamentos. Foi isso que, mais na frente da sua vida, quando ele vai estudar na escola do exército alemão, fez com que ele estudasse quase unicamente o rádio, maneiras de rastrear transmissões proibidas entre outras coisas. Ele carrega boa parte da carga dramática e tensa do livro, no que se refere ao retrato de um soldado na guerra, ainda que não levado tão a fundo. Estava sempre frente a frente com coisas que ele provavelmente não pensava que vivenciaria. Werner percebe que luta por algo que não compreende e pelo qual se pega horrorizado em diversas situações, mas sabe que não pode ir contra aquilo.

Toda Luz que não Podemos Ver não é escrito de forma linear, nas ordens dos acontecimentos. Temos alternâncias entre passado e presente dos principais acontecimentos, que se revezam ao longo de doze partes do livro. Há ainda uma décima terceira parte, com o que aconteceu depois de tudo. Em certo momento estamos com Marie-Laure quando ela chega a Saint-Malo e como começa sua vida. Com Werner ele está na sua fase de treinamento no exército alemão. Em outra parte, Marie se encontra sozinha, sem nenhuma pessoa que possa lhe ajudar. Werner, por sua vez, está em campo, também em Saint-Malo, passando por momentos difíceis.
Um caminhão passa na rua. Uma onda quebra na Plage du Môle, a cinquenta metros de distância. Eles apenas enunciam as palavras, pensa Marie, e o que são as palavras senão sons que estes homem moldam com seu fôlego, vapores leves que jogam no ar da cozinha, onde se espalham e morrem.
Esse estilo de contar a história é só uma das boas características narrativas que Anthony Doerr insere no livro. É algo bem diferente da grande maioria das obras que retratam acontecimentos de guerra. Apesar de ser longo, ela consegue ser leve e cativar o leitor, com capítulos curtos e personagens de quem gostamos fácil.

É praticamente impossível não se encantar com Marie-Laure, sua esperteza, inteligência mas ao mesmo tempo sua ingenuidade. É algo que se entende, já que ela é uma criança, no meio da guerra e que parece ser nova demais para compreender todo esse conflito que interfere de repente na vida que ela levava antes de tudo. Porém, é uma personagem que cresce muito com o passar do tempo. Acima de tudo ela é cativante. Os personagens no livro importam-se com ela e o leitor dificilmente não se importará. Ela ainda me lembrou muito a Liezel de A Menina que Roubava Livros. Acho suas histórias muito semelhantes em diversos pontos, como a maneira com que o tempo passa para elas, retratando seu crescimento, suas dúvidas.

Todos os demais personagens são ótimos. O pai de Marie, mesmo que mais apagado; Madame Manec, a senhora que passou a cuidar de Marie quando eles se mudaram; Tio Etienne, dono da casa em Saint-Malo, que pareceu que seria um personagem completamente recluso e depois se revela como um dos melhores da trama; Jutta, irmã de Werner, tão encantadora quando Marie. Entre outros. Como eu disse, difícil não gostar da maioria desses personagens. Cada um deles tem seu espaço, seja pequeno ou grande, mas que os faz brilhar.
Werner fica impressionado ao perceber exatamente naquele momento como é extraordinariamente frívolo construir prédios esplêndidos, compor música, cantar canções, imprimir livros colossais repletos de pássaros coloridos diante da indiferença sísmica e controladora do mundo – quanta pretensão têm os seres humanos! Por que alguém vai se dar ao luxo de compor uma música se o silêncio e o vento são tão mais amplos? Por que alguém vai acender as luzes se as trevas vão inevitavelmente apagá-las? Se os prisioneiros russos são acorrentados a cercas, em grupos de três ou quatro, enquanto os soldados alemães enfiam granadas destravadas em seus bolsos e fogem?
Impressiona o uso de diversos elementos históricos e como eles são importantes dentro da narrativa. O rádio, como instrumento de comunicação e inclusive arma importante na guerra. As famosas obras de arte e outras preciosidades roubadas pelas campanhas alemãs, muitas das quais sequer encontradas, inclusive bem contextualizadas dentro da trama do livro, com uma certa importância. O papel das mulheres, que aqui trabalham secretamente como membros da resistência francesa.

Para mim, esse livro não foi escrito para fazer o leitor derramar lágrimas. O autor a constrói para que nos encantemos pelas história contadas, para nos sentirmos próximos dos personagens. Os horrores da guerra estão ali, sabemos que estão, mas já vimos muitos desses horrores em dezenas, centenas de outras obras. Aqui é diferente, a guerra não é a estrela. O que importa são os personagens e que rumo suas vidas tomam quando o conflito está pronto para explodir nas suas costas. E é isso que Anthony Doerr tratou de trazer para nós leitores, sensibilidade e encanto em um mundo cruel. Ele criou seus personagens, Marie e Werner principalmente, conduziu suas vidas e fez com que tudo parecesse real. Não é difícil imaginar que talvez tenha existido uma garota cega, precisando sobrevivendo em uma França tomada. Ou um garoto, soldado no exército alemão, curioso, mas que não entendia boa parte da crueldade empregada por seus irmãos de arma. No livro o encontro desses personagens ocorre em momentos finais memoráveis. Cada um tem seu próprio final, um mais brusco, um mais natural, outro que levou a vida tentando se conformar com tudo que aconteceu. O autor não esqueceu de absolutamente ninguém. Para não dizer que não há momentos que emocionam, sim, há, mas para mim, esses momentos foram bem menos frequentes que em outras obras.

Toda Luz que não Podemos Ver provou-se uma obra diferente, ainda que use de elementos já estabelecidos como base para trama, como a história de crianças na guerra. O destaque fica por conta de como tudo é conduzido, que tentei explicar para vocês ao longo do texto. Ficou grande, espero ter conseguido despertar a curiosidade em vocês. Para quem já leu, deixa aqui nos comentários o que acharam da obra.

E agora! Quem gosta de sorteios? Sim galera, depois daquele sorteio bacana de aniversário, nós do Vagando e Divagando em parceria com a Intrínseca sortearemos um exemplar do livro. Para concorrer é bem facinho, só preencher os requisitos no aplicativo aí em baixo. Lembrando que quanto mais passos seguir, maior a chance de ganhar. Você pode se inscrever conectando o aplicativo do sorteio com o seu Facebook ou seu endereço de e-mail.

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Informações Importantes:
As inscrições para participar do sorteio poderão ser feitas até o dia 10/08/2015;
Necessário possuir endereço de entrega no Brasil;
O resultado do sorteio será divulgado em até 05 dias após o término da promoção;
O envio dos kits será feito pela Editora Intrínseca, em até 30 dias úteis após o anúncio do vencedor;
Os vencedores terão 48 horas para responder o email de contato com os dados necessários para o envio dos livros. Na falta de retorno, o sorteio será refeito;
Não nos responsabilizamos por extravio, danos no pacote ou endereço inválido;
Perfis exclusivamente promocionais não serão aceitos;
Em caso de qualquer dúvida, entrem em contato pelo vagandoedivagando@gmail.com

*Livro cedido por parceria com a Intrínseca. 

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Um comentário ♥

  1. Bem, eu já ouvi falar desse livro. Muitas resenhas apreciaram a leitura, o que me deixou muito curioso pra ler. Já li livros com pano de fundo sendo a segunda guerra mundial. Essa tema e bastante utilizado e quando bem trabalhado pode render uma boa história. Espero que este livro seja assim.

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